Rodeio - Touros de Rodeio Vivem a Ascensão e queda

Touros de Rodeio: A Ascensão e Queda desses Atletas das Arenas

Touro de rodeio em competição - os atletas das arenas

Tropeiros, empresários e dirigentes frequentemente comparam o rodeio com o futebol. Entre as analogias mais comuns, o falecido touro Bandido é chamado de "Pelé das Arenas", enquanto Bipolar, o touro revelação e campeão de 2012, ganhou o apelido de "Neymar do Rodeio". Já o peão Silvano Alves, atual bicampeão mundial a caminho do tri nos EUA, é conhecido como o "Messi das Arenas".

Na fazenda Santa Martha, em Icém (SP), propriedade do empresário Paulo Emílio, vivem 153 touros de rodeio. As atividades ali são meticulosamente planejadas. Um touro de rodeio tem uma rotina de exercícios que dura em média 30 minutos por dia. A natação, que já fez parte do treinamento desses animais, foi abolida. Segundo o veterinário Alfredo Maia Filho, responsável pelos cuidados dos animais, o esporte aquático era eficaz, mas expunha os animais a riscos desnecessários.

"O setor vive combatendo ONGs que denunciam maus-tratos aos bois nos rodeios. Nosso discurso é claro: isso não existe. Pelo contrário, os touros de pulo são verdadeiros atletas que trabalham no máximo 24 segundos por semana, recebem alimentação e cuidados especiais e vivem mais de 12 anos - enquanto um boi de corte não passa de 3 anos."

O Asilo dos Touros Aposentados

Ricardo Dias, conhecido como Bentinho, dono de 88 animais de rodeio, mantém um verdadeiro asilo para touros aposentados em sua fazenda em Botucatu (SP). "Não tenho coragem de sacrificá-los. Eles me deram tantas alegrias que prefiro mantê-los convivendo com a boiada ativa", explica. Bentinho abriga 12 touros no asilo, incluindo celebridades como Timor Leste, Raio Laser, Tira Prosa e Bicho do Mato Grosso, todos com históricos impressionantes nas arenas.

Embora um touro possa competir por até 12 anos, Bentinho revela que alguns animais não resistem nem um ano completo. "Alguns se tornam dóceis como cavalos e simplesmente perdem a vontade de pular", explica.

"Vale pela consagração, pelo prazer de ver meu touro derrubando o peão, mas financeiramente não é viável", confessa Bentinho, que também é advogado e promotor do rodeio em sua cidade natal, Adamantina (SP), evento que faturou R$ 3,5 milhões no ano passado.

A Economia por Trás dos Touros de Rodeio

Diretores de rodeio e tropeiros concordam que é difícil obter lucro com o aluguel de touros para competições. A exceção é Paulo Emílio, graças à sua abordagem profissional e diversificação de negócios no setor. Em média, um tropeiro recebe entre R$ 600 e R$ 1.000 por animal por evento. O valor pode aumentar quando o touro se destaca e ganha bônus, que podem chegar a R$ 2.500 nos maiores rodeios.

Atualmente, os touros mais famosos são Agressivo, Bipolar, Pesadelo, Dalit, Camaro e Bomba Relógio. A escolha dos nomes é um capítulo à parte: enquanto alguns tropeiros preparam listas como futuros pais, outros batizam os animais conforme seu temperamento ou delegam a tarefa aos filhos. Bentinho, por exemplo, tem um garoto de cinco anos que nomeou os novos touros como Thor, Megatron e Wolverine.

Este artigo explora o fascinante mundo dos touros de rodeio, mostrando como esses animais são tratados como verdadeiros atletas e as complexidades econômicas por trás desse esporte tradicional.